Roseli Faria, economista e servidora pública federal, deixou um legado indelével no cenário das políticas públicas brasileiras. Sua trajetória foi marcada pela busca incessante por justiça social, equidade racial e inclusão das populações historicamente marginalizadas. Ao longo de sua carreira, Roseli se destacou como uma defensora incansável dos direitos das mulheres negras, da implementação de políticas afirmativas e da democratização do acesso aos bens e serviços públicos.
Sua atuação no Ministério da Justiça e Segurança Pública, especialmente na Secretaria Nacional de Acesso à Justiça, evidenciou seu compromisso com a promoção da igualdade racial e de gênero. Roseli foi pioneira nas comissões de heteroidentificação, desempenhando um papel crucial na implementação da política de cotas raciais para ingresso nas universidades e carreiras públicas. Sua liderança nesse processo foi fundamental para garantir a representatividade e o acesso de pessoas negras aos espaços de poder e decisão.
Além de sua contribuição técnica, Roseli Faria foi uma militante política atuante, filiada ao PSOL. Sua militância transcendeu os limites institucionais, refletindo-se em sua participação ativa em movimentos sociais e em sua defesa intransigente dos direitos humanos. Ela acreditava na importância da articulação entre a gestão pública e a mobilização popular para a construção de um Estado mais justo e inclusivo.
Sua liderança também se estendeu ao campo da gestão pública, onde ocupou posições de destaque na Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor). Roseli foi presidente da Assecor no biênio 2019-2020 e vice-presidente entre 2021 e 2024, período em que se destacou por aliar excelência técnica à defesa da inclusão social, da equidade de gênero e da luta antirracista. Sua atuação foi fundamental na mobilização contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, que tratava da reforma administrativa, defendendo a valorização do serviço público e a manutenção de um Estado forte e atuante.
Roseli Faria também teve um papel relevante na equipe de transição do governo federal em 2022, atuando na área de políticas para mulheres. Sua contribuição foi essencial para a elaboração de propostas que visavam à promoção da igualdade de gênero e ao enfrentamento da violência contra as mulheres. Ela acreditava que a construção de políticas públicas eficazes passava pela escuta ativa das necessidades da população e pela implementação de ações concretas que garantissem direitos e oportunidades para todos.
Em sua trajetória, Roseli enfrentou desafios pessoais significativos, incluindo uma luta contra o câncer colorretal. Apesar das adversidades, ela manteve-se firme em seus princípios e compromissos, continuando a trabalhar incansavelmente pela transformação social até seu falecimento em 11 de setembro de 2025, aos 54 anos. Sua partida representa uma perda irreparável para o Brasil, mas seu legado permanece vivo nas políticas que ajudou a construir e nas vidas que tocou.
O impacto de Roseli Faria transcende sua atuação profissional. Ela inspirou gerações de mulheres negras, jovens ativistas e servidores públicos a acreditarem na possibilidade de um Brasil mais justo e igualitário. Seu exemplo de coragem, dedicação e compromisso com a justiça social continua a ser uma referência para todos que lutam por um país mais inclusivo e democrático.
Em memória a Roseli Faria, é imperativo que continuemos sua luta por políticas públicas que promovam a equidade racial, a inclusão social e a justiça de gênero. Seu legado nos desafia a não apenas reconhecer as desigualdades existentes, mas a agir de forma concreta para transformá-las, garantindo que todos os cidadãos tenham acesso pleno aos direitos e oportunidades que lhes são devidos.
Autor: Floria Paeris