Investigadores disseram que o pesquisador Laurent Vinatier não cumpriu lei russa e teve acesso a informações que poderiam prejudicar o país
Investigadores russos disseram nesta quarta-feira (3) que o pesquisador francês Laurent Vinatier, detido no mês passado e acusado de não se registrar como agente estrangeiro enquanto coletava ilegalmente informações militares confidenciais, se declarou culpado durante o interrogatório.
Vinatier, um especialista com longa experiência de trabalho na Rússia, foi visto no mês passado sendo preso em um restaurante no centro de Moscou por agentes mascarados do Serviço Federal de Segurança (FSB), o principal sucessor da KGB da era soviética.
Ele é acusado de não se registrar como agente estrangeiro e de coletar intencionalmente informações militares que poderiam ser usadas por serviços de inteligência estrangeiros para prejudicar a segurança da Rússia.
O presidente francês Emmanuel Macron negou que Vinatier, um funcionário do Centre for Humanitarian Dialogue (HD), um grupo de mediação de conflitos sediado na Suíça, trabalhasse para o estado francês. Macron descreveu sua prisão como parte de uma campanha de desinformação de Moscou.
“O cidadão francês se declarou culpado em um caso criminal por coleta ilegal de informações no campo de atividades militares russas”, disse o Comitê Investigativo da Rússia em um comunicado.
“Durante o interrogatório, ele admitiu sua culpa integralmente.”
Investigadores russos disseram que Vinatier não cumpriu a lei russa sobre agentes estrangeiros por vários anos e coletou informações militares em reuniões com cidadãos russos.
O Comitê Investigativo disse que sete testemunhas das quais Vinatier tentou coletar informações militares foram interrogadas – e que havia gravações de algumas de suas reuniões.
“Um exame forense linguístico foi agendado com base nas gravações de áudio dessas reuniões”, disse o comitê.
Em uma declaração após a prisão de Vinatier, seu empregador HD disse: “No curso das atividades da HD como uma organização de mediação imparcial e independente, nosso pessoal trabalha ao redor do mundo e se reúne rotineiramente com uma ampla gama de autoridades, especialistas e outras partes com o objetivo de promover esforços para prevenir, mitigar e resolver conflitos armados”.
Vinatier, de 47 anos, pode pegar até cinco anos de prisão. Ele foi colocado em custódia pré-julgamento até 5 de agosto, apesar de um pedido de libertação endossado pela embaixada francesa.