Brasileiros que participaram do projeto de escaneamento de íris em troca de recompensas financeiras estão enfrentando sérias dificuldades para acessar o aplicativo World App e receber os valores prometidos. A iniciativa, que visa coletar a íris humana para criar uma forma avançada de identificação, tem gerado frustrações entre os usuários, que relatam problemas para obter suporte e esclarecer dúvidas. A situação levanta preocupações sobre a eficácia do sistema e os direitos dos consumidores envolvidos.
O projeto, que se expandiu pela periferia de São Paulo, oferece aos participantes 20 criptomoedas “Worldcoin” após o escaneamento da íris, com a promessa de que os usuários poderão vender essas moedas por até R$ 600. No entanto, muitos usuários, como Vivian Caramaschi, relatam que não conseguiram acessar o aplicativo para resgatar os valores, resultando em perdas financeiras. A falta de suporte adequado e a dificuldade em resolver problemas têm gerado descontentamento entre os participantes.
As queixas sobre o World App são recorrentes, com muitos usuários afirmando que o aplicativo apresenta falhas e não fornece as informações necessárias para o resgate dos valores. Vivian, por exemplo, tentou entrar em contato pelo chat do app, mas não obteve sucesso. Ao visitar um ponto de coleta, foi informada de que poderia ter sido banida por atividades suspeitas, sem que lhe fosse dada uma explicação clara. Essa falta de transparência tem gerado desconfiança e frustração entre os usuários.
O sistema de recompensas do projeto, que promete pagamentos mensais, tem sido alvo de críticas. Os participantes esperam receber valores significativos, mas muitos relatam que as quantias que conseguem resgatar são muito inferiores ao que foi prometido. Marilis Casco Morales, outra usuária, também enfrentou problemas semelhantes, não conseguindo acessar o app para resgatar os R$ 296,81 que lhe eram devidos. Essa situação evidencia a necessidade de um suporte mais eficaz e de uma comunicação clara por parte da empresa.
A advogada especializada em direito digital, Patrícia Peck, aponta que a falta de clareza no aplicativo, que apresenta uma mistura de idiomas, é um problema adicional. Essa confusão pode dificultar ainda mais a experiência do usuário e a compreensão das regras do projeto. A falta de informações em português e a dificuldade em acessar o suporte são questões que precisam ser abordadas para garantir que os direitos dos consumidores sejam respeitados.
Especialistas em direito do consumidor afirmam que a World pode estar violando direitos básicos ao não fornecer informações claras sobre o uso do aplicativo e as condições de resgate das criptomoedas. Gabriel de Britto Silva, advogado da área, destaca que os consumidores lesados têm o direito de buscar reparação por meio de ações judiciais. A falta de transparência e a dificuldade em obter suporte são fatores que podem levar os usuários a questionar a validade do contrato firmado com a empresa.
A situação se complica ainda mais com a falta de uma resposta clara da World sobre o número de usuários afetados. A empresa afirma que não consegue quantificar as reclamações, o que levanta dúvidas sobre a gestão do projeto e a capacidade de resolver os problemas enfrentados pelos participantes. A falta de um sistema de suporte eficiente pode prejudicar ainda mais a confiança dos usuários na iniciativa.
Em resumo, o projeto de escaneamento de íris enfrenta sérios desafios relacionados ao suporte e à transparência. Os usuários que esperavam receber recompensas financeiras estão se deparando com dificuldades para acessar o aplicativo e resgatar os valores prometidos. A situação destaca a importância de garantir que os direitos dos consumidores sejam respeitados e que as empresas ofereçam um suporte adequado para resolver problemas e esclarecer dúvidas.